~~O Vermelho~~

Para nós estava claro como seria essa noite, mais uma vez encheríamos a cara, nos arrastaríamos pelas vielas tortas de nossa bela Artanha até chegarmos algum mausóléu...
Algumas noites nós apenas batíamos papo...
Outras acabávamos chorando bêbados um nos ombros do outro, ou às vezes, dividíamos o táxi e apenas observávamos as luzes da cidade, contando carros.
O que será que aconteceria hoje?
Olhei então para a rua, vazia como sempre e olhei para ele enquanto serviam nossas taças.
Ouvi meu cérebro cantarolar "The show must go on" enquanto envolvia a taça com meus dedos. O vidro estava gelado, e minhas mãos começavam a marcá-lo com seu calor ao redor de meus dedos.
Peguei a minha e virei-a num gole só.

Gulp.

Mas que vodka forte.

Foi então que por algum motivo, quase como se por reflexo, ou num ataque de meu 6º sentido, olhei mais uma vez para a rua e então lá estavam 5 homens armados atirando ruidosamente para dentro do bar, onde as pessoas já haviam rendido-se e sequer moviam-se, até cairem mortas.

Mas o quê...?

Não... Não tive voz para perguntar isso mais alto que meus pensamentos...
tudo começou a acontecer em câmera lenta.
Era como se eu visse cada bala acertar o alvo.
Taças se espatifando.
Cervejas invadiam o ar caindo sobre as manchas vermelhas no chão, enquanto os que já não caíam mortos jogavam-se no chão.

Rendidos.
Feridos.
Sem ar.
Sem armas.
Sem defesa.
Apenas buscavam esconderijo e proteção dos projéteis que sem diferenciar sexo, idade, cor de pele, de cabelo, de olhos, se as bolsas eram originais ou se as roupas eram de grife, atingiam seus corpos de pele macia e sem armadura.

Nenhum comentário: