~~ Terno ~~

O dia definitivamente começou ruim. Ou péssimo... Ou pior. É, não se tem bem como definir o quão terrível foi.
O fato é que logo que abri a porta de casa dei de cara com a vizinha!
Cá entre nós, não gosto dela, e não é nem que simplesmente não goste, mas, ela parece saber que sei que meu marido sabe que eu após o trabalho "trabalho" como ele.
bom, pois bem, ignorei a velha. abri a porta do carro, me lançei pra dentro dele, dei a partida e após andar poucos quarteirões.

PIMBA!

Começou o apitinho estridentedo maldito carro avisando que ficaria sem gasolina em breve.
Pois bem, levei um susto e parei no posto mais próximo onde eles somente tinham gasolina comum. Encarei a menininha que me atendia que com um sorriso desconcertante alegou que estavam realmente sem gasolina aditivada.
Não, eu não tenho nada contra a dita cuja atendente, apenas contra o posto que não tem a gasolina, mas, pois bem, não perdi tempo com isso, coloquei a maldita gasolina normal e voltei a dirigir, quer dizer, a ficar parada no trânsito, como em todas as manhãs.

~~ Olhos.~~

E os barulhos dos tiros zuniam em meu ouvido até que, de súbito me projetei para a frente e abri os olhos.
Olhou ao redor e estava mais uma vez de volta à minha cama. Meu marido já havia levantado, provávelmente ido encontrar a amante, digo "trabalhar".
São assim que os homens dizem, certo? "Trabalhar". Pois bem, meu marido levantou-se e foi "trabalhar" e eu logo iria "trabalhar" também, porém, o meu "trabalhar" envolvia trabalhar e "trabalhar", porquê antes de "trabalhar" eu realmente precisava trabalhar, afinal, minha chefe era uma loira de dois metros, alemã, que definitivamente não ia com a minha cara.
Então eu me levantei, deixei a cama bagunçada mesmo, afinal, mesmo que eu arrumasse quando voltasse ela estaria desarrumada, pois meu marido traria o "trabalho" para casa.
Ainda me pergunto por que só os homens podem levar "trabalho" para casa...
Mas, pois bem, levantei-me, vesti-me e saí prontamente em meu terninho feminino negro para o trabalho, para só então "trabalhar."

~~O Vermelho~~

Para nós estava claro como seria essa noite, mais uma vez encheríamos a cara, nos arrastaríamos pelas vielas tortas de nossa bela Artanha até chegarmos algum mausóléu...
Olhei então para a rua, vazia como sempre e olhei para ele enquanto servia tossas taças. Peguei a minha e virei-a num gole só. Mas que vodka forte.
Foi então que por algum motivo olhei mais uma vez para a rua e então lá estavam 5 homens armados atirando ruidosamente para dentro do bar, onde as pessoas já haviam rendido-se e sequer moviam-se, até cairem mortas.

~~ A Bebida~~ (sim, é continuação do post anterior.)

Ele sorriu e assentiu com a cabeça, tenho certeza que junto de mim pensou que nós não mudaríamos nunca.
Eu olhei ao redor um pouco desorientada, afinal de contas, não era comum sentar-mos daquela forma e não beber. Chamei o garçom, mas, logo que o mesmo veio nos atender, ele interveio. Pediu uma garrafa da vodka mais cara que tinham ali e naquele instante, mesmo antes de beber, e sem ser vidente eu tive certeza de uma única coisa: Com certeza, essa noite acabará exatamente como a anterior, porém, dessa vez, com uma bebida mais cara.



















~~O Bar~~

Foi então que me sentei mais uma vez diante dele naquela mesa de bar, encarando seu velho terno negro surrado que eu mesma havia surrado na noite passada.

Olhei para as marcas de batom no pescoço dele enquanto ele encarava meus lábios com o batom borrado.Mas aquelas marcas em seu pescoço não eram de meu batom vermelho sangue.
Foi então que arrumei meu amassado vestido de cetim e apoiei-me contra as costas da cadeira, olhando-o e rindo.

"Nós Realmente Jamais Vamos Mudar, Não É?"