~~Caneta~~

Bem, mas que importa? Durante todo esse período que lhes datei ainda não eram sequer 11 da manhã! 10:24, exatamente 10:24, foi a hora em que me joguei na cadeira e pude ouvir claramente o barulho de algo quebrando.

CRECK!

Quando olhei, advinhem o que era? A minha caneta, a única que tinha uma tinta boa e que não secava vez sim, vez não, estava caída debaixo da rodinha da cadeira e agora, partida em duas.
Pois eu juro que minha vontade foi levantar, pegar a caneta e enterrá-la no meio dos peitos de vaca da mulher que estava arreganhada na mesa da sala ao lado, acontece que, óbviamente, eu sou uma mulher pensante, demais, e apenas peguei a pequena caneta partida em duas e joguei dentro da minha bolsa.
Sabe, aquela caneta era bastante importante, de certa forma, mas, isso não importa, ela agora estava estilhaçada em algum lugar no fundo da minha bolsa, juntamente com o chiclete que eu jamais mascarei, uma vez que já devia ter perdido o gosto... E o batom que nunca mais usarei, uma vez que já perdera seu sentido...

~~A mesa ~~

Bom, acontece que.. Bom, você já tentou se jogar numa cadeira giratória de rodinhas? Não dá certo. Quando apoiei a mão num dos braços dela para poder cair sobre ela a filha da mãe girou e saiu rodando e eu fui beijar direto e reto o chão.
Sabe, a mulher da limpeza de lá é muito relaxada, ainda dava pra sentir o gosto do produto, ela não passou o pano direito... Bom, voltando, acontece que esse foi a volta à realidade.
Quando eu me levantei e comecei a ajeitar a minha saia o deus grego, digo, "ele" entrou e claro, viu muito bem minha calcinha negra... Apesar de tudo ele disfarçou educadamente, perguntou se eu estava bem e saiu mais que rápidamente após a resposta.
Mas sabe, eu achei que tinha sido um tanto quanto rude com ele, já que ele havia entrado para me perguntar se eu estava bem, então, sai da minha sala e entrei na dele, foi então que o meu dia mostrou o quão malignamente ele havia sido arquitetado.
Quando entrei encontrei aquele mal-caminho-todo agarrado nas coxas da chefona do setor, não somente do meu andar, mas, de todo o prédio. ela, de pernas abertas, saia levantada, blusa aberta, ele entre suas pernas, calça arreada, suor escorrendo pela nuca.
Olhei a cena e então, antes que fizesse demasiado barulho, sai da sala, voltando à minha.

Era óbvio que aquele homem não podia estar destinado à mim não é?

Mesmo meu marido, um baixinho de olhos castanhos, cabelos castanhos, barriguinha de pizza, e sorriso sem sal tinha uma outra mulher.. Por que é que aquele poderia ter sido meu, não é?
Joguei-me então na minha cadeira, e virei a cabeça para trás, fechando os olhos, aquela cena chocante ainda habitava os meus pensamentos.

~~Cadeira Giratória~~

Bom, logo que o elevador parou no 5º andar o rato, digo, presa, digo, homem, isso, homem, desceu correndo do elevador sem sequer olhar para trás, claramente, eu, usava de toda a minha capacidade para segurar o riso.
No 8º andar descemos eu e minha chefe, juntas, cada uma indo para um canto, caladas, afinal, eu sabia de seu segredo, porém, ela não era do tipo de pessoa que é fácil de acreditar estar perdendo a cabeça com um rato, digo, homem, daquela estatura.
Acontece que logo que virei no corredor de minha sala, algo como um raio de sol em dias de chuva, um oásis no meio do deserto, vida no meio do cemitério, bom, qualquer outra coisa que seja literalmente a visão da esperança, cruzou meu caminho.
Alto, loiro, olhos verdes claros, um sorriso cativante que foi como se meu impulso de mulher subisse em minha garganta, me sufocasse e apenas após me deixar sem rumo controlar-se de novo. Realmente, eu perdi o rumo, virei no corredor e minha porta não abria, e foi apenas após me segurar nela para não derreter enquanto tentava abrí-la que o deus grego, digo, oásis, digo, anjo, digo, visão, digo, maravilha, digo, milagre, digo, ah, "ELE" veio por trás de mim com sua voz mansa e gostosa dizer baixo enquanto me tocava nos ombros que aquela não era a minha sala e sim a dele. Sim, a Dele, virei pro lado errado e quase invado a sala dele, mas, a sala não importava a questão se resumia ao: "Tem um deus grego no escritório do lado, gzuis' me abana." Pois bem, virei rápidamente de frente para ele, ainda apoiada na porta, suando frio, quando ele afastou-se e cortêsmente me abriu a porta do meu escritório, onde já de pernas bambas joguei-me sem sequer pensar duas vezes, fechando a porta enquanto ainda estava no ar antes de cair na minha cadeira de rodinhas e giratória.

~~Elevador~~

Pois bem, dirigi até a empresa e sai do carro, onde aquele segurança que já havia visto meus seios me encarava.
Não, eu não mostrei meus seios para ele, apenas que quando entrei no carro num dos nossos dias de "inferno", quero dizer, "inverno", abri os botoes da camisa e liguei o ar-condicionado para me resfriar um pouco, pois bem, o maldito brotou na frente do meu carro do nada com cara de lobo com fome.
Claro, larguei ele com cara de lobo e fui embora "trabalhar". Mas, voltando ao dia de hoje, o que aconteceu é que logo que sai do carro ele já veio se oferecer para levar o meu carro. Joguei a chave para o motorista que estava do outro lado da garagem e nem falei ou olhei para trás.

Mas, foi aí que começou.
Logo que apertei o botão do elevador, a porta se abriu, e quem é que estava lá dentro para a minha surpresa?
Pois bem, minha "amada" chefinha alemã de 2metros, loira, com cara de Orc e olhar fuzilante. Porém, é claro, dei o sorriso mais amigável que pude encenar e entrei.
Era estranho, ela não retribuiu, e foi só quando entrei no elevador que notei o porquê.
Quando virei-me, pude ver o chefe do outro departamento, um moreno baixinho com cara de rato todo arranhado e com marcas de batom no rosto e no pescoço. Claro, a alemã conseguiu esconder bem o que havia feito, ele, porém, rato como era, não.
E assim comecei minha jornada de trabalho, fechada no elevador junto de minha chefe e sua "presa".