~Lua~

Eu estiquei o corpo e senti ele estralar, fazendo um barulho alto. Estava um pouco dolorido...
Estava ainda mais aérea que antes, tanto que quase caí no chão quando senti uma mão forte em meu ombro nu.

"Relaxe, lhe farei uma massagem."

Eu o olhei um pouco assustada e senti meu corpo ceder à sua vontade.... Não que ele me puxasse, ou que me apertasse fortemente... Mas meu corpo parecia mole, mais mole... E carente...
Deitei sem nem saber o porque e sem entender senti as mãos dele a massagearem-me nos pés.
Era forte e ainda assim gentil.
Senti enquanto cada parte de meu corpo se desligava de meu corpo e ao fim, restou-me apenas meu coração à bater forte, acelerado.
Eu estava sem ar, desnorteada e o sorriso em meus lábios não desaparecia.

O telefone tocou e eu entendi que era o fim de nosso tempo...
Tempo... Ele foi um tremendo cretino.
Como havia ousado passar tão rápido? Sequer pareciam ter passado uma hora, e o relógio no punho dele me revelava terem se passado quase quatro horas.

Já eram mais de dez horas, e infelizmente estava na hora de voltar para casa...

Eu não queria voltar para casa...
Porém, mais uma vez no interior da luxuosa Lamborghini, eu notei que a lua já estava no céu, e que esse era o sinal de que estava na hora de deixar o dia terminar...

~Macio~

Eu voltei à mim e sorri à ele.
Ele não entendeu.
Eu estava aérea e distante, e não saberia explicar o porque.

Ouvi a Lamborghini roncar alto e entendi que aquela era a minha deixa para voltar ao carro, embora meu corpo estivesse ali, minha mente estava bem distante, perdida em lembranças desde o momento que entrara no elevador para subir ao andar da reunião.

"Você parece distante... Está cansada?"
"Não, por favor..."

Eu falei antes de pensar... Por sorte, engoli o restante da frase à tempo: Não, por favor... Não vá... Meu deixe ficar mais um pouco de tempo ao seu lado...
Engoli em seco. Ele havia parado na saída da garagem e me olhava preocupado.

"Você precisa de algo...?"

Eu respirei fundo... Olhei-o nos olhos claros...
Por Deus, como poderia ser dizer aquilo tão difícil?
Eu nem sabia o que iria dizer... Eu não queria ir para casa... E nem para o velho bar de Jazz... Eu não queria voltar ao trabalho, ou ir ao shopping...

"Preciso... eu... Preciso ficar mais um pouco ao seu lado... Me permite...? Por favor... Não vá embora..."

Eu pedi, e sabia que meu rosto havia tomado aquela expressão doce e desesperada de quando era criança e tinha medo de dormir sozinha...

Ele puxou o freio de mão e tocou meu rosto com ambas as mãos. Olhou fundo em meus olhos e eu senti minha respiração congelar.
Beijou minha testa, e por um segundo eu tive medo de que tudo fosse acabar... Porém, ele sussurrou em meu ouvido algo que não me lembro bem o que era... Eu te...
Era algo assim... Naquele momento, tudo apagou...
Ele beijou meu pescoço e eu senti como se meu corpo flutuasse, ele me tocou na cintura e apertou-me de forma possessiva e mandona, como se fosse dono daquilo tudo.

Não chegamos ao shopping naquela noite...
Quando dei por mim, estávamos entrando num local de paredes vermelhas e neon brilhante.
Portas passavam por mim enquanto o corredor de tapete vermelho parecia infinito.
Uma das portas se abriu diante dele e ele puxou-me para dentro...
E então, eu cai sob algo macio, retirando aquele peso imenso de meus ombros e sentindo que ele ia embora junto de minha tensão e minha energia...