~Gatinho~

É bem verdade, era impossível que ele entendesse, mas, eu não deixaria que esse pensamento me derrubasse.
Ele abriu a porta da Lamborghini para que eu entrasse e então fechou-a, após meu corpo baixinho e cheio de curvas acomodar-se no banco do carona. Foi ao lado do motorista, abriu sua porta e sentou-se. Tocou minha mão e acariciou-a um pouco antes de ligar o carro.

"Eu não vou te machucar..."

A frase me pareceu engraçada à princípio de forma que eu cheguei a sorrir e olhá-lo de forma dengosa e mimada, porém, logo depois, fez lembrar de quando era criança e tentava à todo custo aproximar-me dos filhotes de gato nas ruas...
Vem cá, gatinho... eu não vou te machucar...
Eu me lembrava bem de quantas vezes havia dito aquelas palavras, e de todos os filhotes que eu já tentara pegar na rua os únicos que me deram bola tinham uma coleirinha no pescoço.

Eu não fora uma criança de sorte...
Bem, eu não sabia direito... embora nada me faltasse, com excessão das pessoas, claro, eu me sentia incompleta...
Das coisas que mais queria a grande maioria eu não pudera sequer chegar perto... E dos que pudera, já pertenciam à outra pessoa...

Talvez aquele agora me pertencesse, e tomara deus que eu estivesse certa.

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